Pedro Marques, editor-assistente do IDG Now!
13-11-2008
Para especialistas, Brasil agora vai poder "punir efetivamente" a exploração de crianças e número de prisões deve aumentar.
A aprovação do Projeto de Lei 3773/08 (PDF), que endurece o combate à pedofilia na internet brasileira, preenche uma importante lacuna na legislação nacional e deve levar a mais prisões no País, na avaliação de dois especialistas ouvidos pela reportagem do IDG Now!.
Para Adriana Scordamaglia, procuradora da República em São Paulo e integrante do grupo de combate a crimes cibernéticos do Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP), "a nova legislação é um grande avanço". "Essa lei transforma em crime condutas como exposição, venda e posse de conteúdo [de pedofilia]", disse a procuradora.
Já Thiago Tavares, presidente da Safernet, associação voltada ao combate à pornografia infantil na internet brasileira, afirma que a falta de tipificação dos crimes "era uma das lacunas inaceitáveis e consistia numa das principais causas da impunidade em relação à pedofilia."
Ele lembra que centenas de agentes da Polícia Federal foram mobilizados nas duas maiores operações contra a pornografia infantil na web, Carrossel 1 e Carrossel 2. No total, foram cumpridos mais de 200 mandados de busca e apreensão, mas apenas duas pessoas foram presas, pois a lei não considerava crime a posse de fotos de pornografia infantil. "Havia farto material, mas não podia dar voz de prisão, porque a posse e o armazenamento não eram considerados crimes", disse Tavares.
Com a aprovação do PL, Tavares acredita que "o Brasil está saindo da água para o vinho". "Agora teremos condição de punir efetivamente esses crimes e as operações policiais agora serão para cumprir mandados de prisão."
A procuradora da República Adriana Scordamaglia também acredita que a lei "será um fator para o aumento da perseguição penal". Ela diz, porém, que "há necessidade de uma participação maior dos provedores de acesso e de serviço com o Ministério Público e a Polícia Federal". A procuradora defende, por exemplo, que os sites "preservem o conteúdo e os dados dos usuários" para que eles possam ser usados como prova.
O PL foi originado no Senado e, com a aprovação na Câmara dos Deputados, depende apenas da sanção presidencial para entrar em vigor. Segundo Tavares, da Safernet, espera-se que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assine a lei até o dia 25 de novembro, quando começa o 3º Congresso Mundial de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, que acontece no Riocentro, no Rio de Janeiro. "Assim que o PL for sancionado, o Brasil estará entre os países com legislação mais moderna para combater a pedofilia na internet."