Felipe Zmoginski, de INFO Online
Segunda-feira, 17 de novembro de 2008 - 15h23
SÃO PAULO - Votações eletrônicas já acontecem em sindicatos e associações. Para especialista, é possível usar a web em eleições do TSE.
Eleger prefeitos, governadores e presidente pela internet ainda é uma realidade distante no Brasil, mas tecnicamente viável.
Este ano, ao fim das eleições municipais, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto, afirmou que é possível a Justiça Eleitoral adotar o sistema em algum momento do futuro, liberando as pessoas para votar a partir de suas casas. Britto, no entanto, evitou citar uma data como referência para o teste de eleições pela web.
De acordo como Eduardo Favaretto, criador do serviço votoeletronico.com, realizar eleições pela web é possível e já existem tecnologias seguras e experimentadas em eleições dentro de empresas privadas ou em universidades.
“Temos alguns casos, como uma empresa que usou a eleição online para eleger uma comissão para um conselho ou uma empresa pública que indicou por voto eletrônico quem ia participar de determinado grupo de pesquisa”, diz Favaretto.
Um dos casos citados por Favoretto é o PMI (Project Management Institute), instituto que forma gerentes de projeto e usou o sistema online para que seus associados elegessem seu conselho diretor.
A aplicação para eleições gerais, no entanto, ainda exige amadurecimento da tecnologia. “Um desafio que temos ao realizar eleições nacionais pela web é como garantir que todos os brasileiros tenham acesso a um computador conectado no dia das eleições. Além disso, é preciso garantir a autenticidade do voto, evitando que uma pessoa vote em nome de outra”, diz Favaretto.
Em eleições online, os eleitores são previamente cadastrados num banco de dados seguro e recebem uma senha e login por e-mail. “Uma forma possível de garantir a autenticidade é a adoção de recursos como o e-CPF no voto online. Se podemos declarar impostos pela web, por que não votar?”, pergunta o empresário.
Segundo Favaretto, as tecnologias existentes são seguras contra invasão por crackers e garantem a privacidade do voto, evitando que qualquer recurso de engenharia reversa possa desvendar em quem uma pessoa votou”, conta.
Estônia e Rio de Janeiro
No mundo, a Estônia, pais do norte da Europa, adotou eleições eletrônicas para escolher seus parlamentares há dois anos. Na ocasião, os eleitores que se interessaram por votar online realizaram um cadastro na Justiça local e receberam login e senha para votar.
Um obstáculo à votação online é como garantir a privacidade do usuário, uma vez que alguém que decida vender seu voto, por exemplo, pode votar sob os olhos do comprador, certificando que votou em quem os dois combinaram.
Nas eleições municipais deste ano, a Justiça do Rio de Janeiro proibiu os eleitores de entrar nas cabines de votação com celular ou câmeras. A idéia foi impedir que eleitores gravassem os seus votos em vídeo para, depois, exibi-los a chefes do tráfico na cidade, suspeitos de pedir votos para determinados candidatos.
Entre as vantagens de eleições online estão a redução de custos para Justiça Eleitoral e a apuração mais veloz dos votos.